domingo, 28 de setembro de 2014

TEXTOS DA BÍBLIA DE DIFICIL INTERPRETAÇÃO PARTE VII



13º Lucas 16:16.

“A Lei e os Profetas vigoraram até João; desde esse tempo, vem sendo anunciado o evangelho do reino de Deus, e todo homem se esforça por entrar nele”. (Lucas 16:16).

O ponto de partida para a boa compreensão deste verso é sabermos que as palavras duraram, vigoraram ou existiram, que aparecem em algumas versões não se encontram no original.

Na tradução de "Almeida Revista e Corrigida" está duraram em grifo, indicando que ela não se encontra no original. Foi um acréscimo do tradutor para a complementação do sentido.

Para uma adequada compreensão do sentido, esta passagem deve ser colocada ao lado do texto paralelo de SÃO MATEUS 11:13, que diz a mesma coisa, com mais clareza:

"Porque todos os profetas e a lei profetizaram até João".

Assim, Lucas nunca pretendeu afirmar que a lei de Deus foi abolida depois de João. Entram, porém em contradições:

a) Afirmam que a Lei parou com João Batista, precursor de Cristo.
b) Afirmam que a Lei vigorou até a 1ª vinda de Cristo.
c) Afirmam taxativamente que a Lei findou na cruz.

Vemos aí a incoerência de TRÊS ABOLIÇÕES da Lei!

Nós, porém podemos provar que a Lei e os profetas continuaram depois de João:

a) A LEI

"Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos" Mat. 19:17.

b) OS PROFETAS

O texto bíblico nos informa que houve muitos profetas nos tempos apostólicos. Ler:

Atos 2:17 e 18 - " ... e profetizarão".
Atos 19:6             - "... e ... profetizavam."
Atos 21:7-9            - " (Filipe) tinha ... quatro filhas donzelas, que  profetizavam."
I Cor. 14:29            - "Tratando-se de profetas ..."

Logo, o real significado de LUCAS 16:16 é: "A LEI E OS PROFETAS FORAM PREGADOS ATÉ JOÃO”, era uma indicação do tempo em que o reino de Deus seria anunciado. A vinda de João foi um cumprimento desse tempo.

O estudo do contexto é muito útil para melhor compreensão do assunto, pois este nos indica que nem Mateus nem Lucas estão discutindo os Dez Mandamentos. O contexto nos elucida que muitos dos judeus eram descrentes da missão e do caráter de Cristo e do seu precursor. Afirmavam sua crença em Moisés e em todos os profetas. Cristo procurou insistentemente provar-lhes que Ele era aquele de que os profetas falavam e que o reino de Deus estava sendo pregado através de João Batista.

João Batista iniciou seu ministério declarando: "É chegado o reino dos céus." Mat. 3:3.

O próprio Cristo iniciou Seu ministério público declarando: "O tempo está cumprido e o reino de Deus está próximo ...". Marc. 1:15.

As profecias ensinadas pelos profetas com referência a Cristo quando Ele veio, deixaram de ser profecias e passaram a ser fatos históricos consumados.

Sobre Lucas 16:16, a palavra até  (no grego "méchri") jamais autoriza a ideia de que os escritos da lei e dos profetas tenham perdido o seu valor quando João começou a pregar. O evangelho veio, não para ser colocado em lugar do Velho Testamento, mas em acréscimo a ele. Este é o sentido claro no qual méchri é usado aqui e também em Mat. 28:15 e Rom 5:14:.

Os que ensinam que os escritos do Velho Testamento não têm mais valor para os cristãos contrariam o que Cristo ensinou. Ele declarou enfaticamente que não veio tirar das Escrituras nem um til nem um jota. (Mt. 5:18).

Interpretação perigosa é concluir que este verso ensina que Moisés e os profetas estavam abolidos, ou que os Dez Mandamentos não precisam mais ser guardados.

São oportunas e claras as palavras de Moody: "A Lei dada no Sinai nada perdeu de sua solenidade ..." "O povo precisa ser levado a compreender que os Dez Mandamentos estão ainda em vigor, e que há uma penalidade a cada violação ... O sermão do monte não cancelou os Dez Mandamentos".

Tenhamos cuidado ao afirmar que algo criado por Deus (sua santa lei – veja Êxodo 31:18) e que é santo (Romanos 7:12) seja uma maldição ou que tenha sido abolido; isto é perigoso. É falta de respeito para com o Criador afirmar que os Dez Mandamentos, um transcrito de seu caráter, tenha sido abolido.

“Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos; ora, os seus mandamentos não são penosos”(1 João 5:3)

“Por conseguinte, a lei é santa; e o mandamento, santo, e justo, e bom”. (Romanos 7:12).

“Quanto às tuas prescrições, há muito sei que as estabeleceste para sempre”. (Salmos 119:152).

Que sejam nossas as palavras do salmista:

“Agrada-me fazer a tua vontade, ó Deus meu; dentro do meu coração, está a tua lei”. (Salmos 40:8).

A lei, colocada em seu devido lugar (não como ponto de salvação, mas como um espelho para nos mostrar o pecado, reger nossa conduta e glorificar a Deus através de nossos bons frutos) é uma bênção e não uma maldição.

Deus estabeleceu o sábado para que este fosse um “memorial da do Criador” e um “memorial da Criação”. É também um ‘memorial da redenção’.

Quando guardamos o sábado, estamos lembrando de que há um Deus Criador, e que não estamos no mundo por acaso; estamos dizendo que cremos no Eterno e que admiramos os seus feitos na criação e na redenção do homem.

“O sábado é um momento em que podemos ter “um lindo encontro com o Senhor Jesus Cristo”. A cada final de semana podemos desfrutar deste maravilhoso companheirismo com o Senhor Jesus, Deus o Pai e com o Espírito Santo. É um dia que podemos também estar na companhia da família. Durante a semana pouco falamos com nosso cônjuge ou filhos e o sábado é um a oportunidade para restabelecermos os laços familiares, na companhia dos familiares e do Senhor Jesus”.

Guardar o sábado é uma questão de Adoração a Deus a aceitar Seu Senhorio. Toda criatura que foi criada por Deus (refiro-me mais especificamente a este planeta) deve adora-lo; automaticamente, deve guardar o sábado. Deve também aceitar a autoridade divina sobre qualquer forma de doutrina antes que crer em algo ensinado pelos homens (At 5:29).

A lei não salva; seremos salvos unicamente pela graça do Senhor Jesus (Efésios 2:8); mas devo ressaltar que o fato de não sermos salvos pela lei não nos dá a liberdade de transgredirmos os mandamentos de Deus. Nossas obras, apesar de não nos salvarem são importantes, pois são evidências de nossa fé e devem vir como uma consequência da mesma (Efésios 2:10). “... a fé sem obras é morta” (Tiago 2:26).

“Desvenda os meus olhos, para que eu contemple as maravilhas da tua lei”. (Salmos 119:18).

Deus lhe guarde,
Leandro Soares de Quadros.
Setor de Respostas Teológicas.

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